Amor e Estrelas

– O universo é tão lindo, tão mágico e vasto! Exclamava Soraia, observando as inúmeras estrelas na fazenda de sua família, hipnotizada e admirada.

            Quantas constelações, mundos, formas de vida, deixava a mente infantil da garota em devaneios sem fins, algo naquela imensidão infinita que deslumbrava. Talvez fosse o fato de sua magnitude pouca explorada, ou a incerteza de seu início, do que havia em seus limites, era tão incompreensível mas tão próximo e distante, era tudo e ao mesmo tempo nada, uma finitude infinita.

            Novas luas e novos Sóis chegavam e partiam, numa dança cósmica tênue que era uma fração de segundos no interminável espetáculo do universo, uma fração de segundos extremamente rápida a meros olhos mortais. Fazia muitos anos que se mudará do campo e tinha ido para a cidade, muitos anos que nem Soraia lembrava quantos, tinha perdido as contas a muito tempo. Devido a um trágico acontecimento, a morte de seus pais, morava atualmente com sua tia, uma mulher fria, sem emoção, eram como a Via Láctea e Andrômeda, tão próximas mas tão distantes.

            “As mentiras mais bonitas, os sonhos mais claros e palpáveis, os mistérios de olhos tão profundos, claros e tristes, olhos de uma pessoa irreconhecível não pelos outros mas por si mesma. Mentiras contadas para o agrado de outros.” Soraia escrevia sobre, cada vez menos constelações eram vistas em seus escuros olhos.

            Trabalhava em uma cafeteria, próxima a casa de sua tia, era um ambiente acolhedor, cheio de tons terrosos e obviamente muito cheiro de café, era o aroma que sempre sentia ao suspirar pela milésima vez no dia, a cada suspiro se esvaia sonhos de dias melhores, esvaia seus próprios sonhos e ia se perdendo de pouco em pouco as estrelas que a preenchiam, o vazio começava a tomar conta, como se voltasse aos tempos antes de Caos criar Gaia, Eros e Nyx.

            Em mais um dia cinzento de sua vida, uma garota entrou na cafeteria, muito bonita e extremamente simpática, no seu copo de cappuccino Soraia desenhou uma carinha feliz e em troca recebeu o número de Emanuela, após esse dia as duas começaram a conversar e ficarem cada vez mais próximas. Emanuela era doce, acolhedora, engraçada, em seus olhos claros, como o amanhecer antes do Sol raiar, se podia ver constelações e a estrela d’alva, ela brilhava e se destacava onde quer que fosse. Mesmo apaixonadas, não curou Soraia porém foi muito importante para o processo.

            Seu primeiro encontro foi caótico, do mesmo jeito que o universo fica depois da explosão de uma estrela, estava nublado e quando chegaram ao parque de diversões começou uma chuva torrencial, tentaram se abrigar numa parada de ônibus mas um carro que passou raspando na calçada encharcou-as. No final daquela tarde, o céu tinha ficado limpo e as primeiras estrelas apareceram, elas estavam na frente de uma loja de chocolates muito chique, não tinham se secado totalmente mas estavam rindo, um riso sincero e descontraído. Soraia mirou os olhos da alvorada de Emanuela, tão cheios e lindos, pensou consigo “O universo é tão lindo, tão mágico e vasto!” antes de beijar, com um certo desespero e muita paixão a boca de sua estrela mais brilhante de seu universo.

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